Como investir em Startup no Brasil?
Conheça o Investimento-anjo e os Contratos de Mútuo Conversível
O que é uma startup e para quê ela precisa de investimentos
Você já ouviu falar em startups? Essas empresas inovadoras são conhecidas por nascerem em ambientes de incerteza e desafiarem o status quo. Mas, para chegar ao sucesso, elas precisam de recursos externos, e é aí que entram os investimentos.
O investimento-anjo é uma das primeiras alternativas para as startups obterem capital e mentoria para alcançar o sucesso. E temos uma ótima notícia: segundo o Mapa das Startups 2021 da Abstartups, a taxa de mortalidade das startups no Brasil diminuiu em relação aos anos anteriores: Em 2021, menos startups fecharam antes de completar 5 anos (48,2%), em comparação com 2020 (50,7%). E a taxa de mortalidade das startups antes de completar 2 anos também melhorou: 18,8% em 2021 e 19,2% em 2020.
Mas por que tantas startups ainda fecham? Será que a falta de investimento é um dos principais fatores? De acordo com João Kepler, importante investidor brasileiro, o problema não é conseguir dinheiro para investir, mas sim saber onde, como e quando investir. E é aí que podemos ajudar.
No próximo capítulo, vamos te orientar sobre como funciona o investimento-anjo, além de explicar o que é smart money e falar sobre um contrato muito comum nesse tipo de investimento, o mútuo conversível. Também vamos te explicar as razões pelas quais as startups precisam captar recursos financeiros no mercado.
O investidor-anjo
O investidor-anjo é a pessoa física que atua no ecossistema de startups para ajudar a fomentar o desenvolvimento de empresas inovadoras e, em troca, receber lucros em uma operação de saída, o chamado exit. Em geral, são profissionais bem-sucedidos em seus negócios que investe parte do próprio dinheiro e dedica tempo também com mentoria para a startup.
Geralmente, um investidor anjo experiente não investe todo o seu dinheiro em apenas uma empresa, mas divide seus aportes em um grupo diversificado de startups. Isso significa que, mesmo que a maioria dessas empresas não tenha sucesso, a que conseguir se destacar poderá gerar um retorno financeiro sobre o investimento (ROI) significativo para o investidor.
Para as startups, o investimento-anjo pode ser uma ótima oportunidade de obter recursos externos para crescer e se desenvolver. Se você tem uma startup e está procurando por investidores, pode ser interessante buscar apoio de um escritório de advocacia que entenda desse mercado e possa ajudá-lo a encontrar o investidor certo para o seu negócio.
Smart Money
O Smart Money é um tipo de investimento anjo que pode fazer toda a diferença para a sua startup. Ao contrário do investimento-anjo tradicional, em que o investidor apenas aporta o recurso financeiro, o vai além e traz expertise e networking para ajudar a startup a superar obstáculos e refinar sua estratégia. É por isso que o chamamos de investimento inteligente.
Imagine ter ao seu lado um investidor com vasta experiência e contatos no mercado, disposto a compartilhar seus conhecimentos e abrir portas para sua startup. É exatamente isso que esta modalidade de investimento pode oferecer: mais que um aporte financeiro, um investimento de inteligência de negócios dedicada a alavancar o crescimento da sua empresa.
Se você tem uma startup e deseja ir mais longe, o Smart Money é um excelente caminho. Inclusive, existem fundos de investimento de capital de risco que reúnem grupos de investidores com diferentes habilidades e conhecimentos, o que pode enriquecer ainda mais seu acesso ao investimento inteligente.
Mútuo Conversível
Se você está pensando em investir em startups, provavelmente já ouviu falar sobre o contrato de mútuo conversível. Esse contrato combina um empréstimo a uma opção de compra e é uma das formas mais utilizadas para formalizar um investimento em startups.
A vantagem do mútuo conversível é que ele permite ao investidor assumir um risco menor em relação às atividades da startup. Isso acontece porque o investidor pode optar por cobrar o pagamento da dívida ou converter o empréstimo em participação societária nos casos previstos no próprio contrato, em geral quando a startup recebe novos investidores ou quando abre seu capital ao mercado.
Além disso, até que ocorra a conversão, o mútuo conversível permite que investidor não seja responsabilizado por nenhuma dívida que a startup possua e deixe de pagar, uma vez que também será um de seus credores. E em caso de falência da empresa, o investidor anjo terá direito a receber seu crédito antes de qualquer pagamento aos fundadores.
Mas não é só isso. O mútuo conversível oferece ainda duas formas de conversão: a obrigatória e automática, quando há a conversão de outro investimento – de terceiro – que seja de, no mínimo, um valor predeterminado em contrato; e a facultativa, a qualquer momento que o investidor desejar, mediante notificação à sociedade. Percebe por que este contrato é uma ótima alternativa para quem quer investir em startups?
Razões para buscar investimentos
Captar investimentos não é uma tarefa simples e deve ser feita de forma estratégica para evitar prejuízos. Imagine se houver um considerável descasamento de caixa e a startup iniciar a busca por um aporte de recurso apenas neste momento, ficará vulnerável a oferecer uma maior participação ao investidor (equity) por um aporte que pode ser, inclusive, menor que o esperado
Nesse sentido, antes de buscar recursos, a startup precisa planejar seus próximos passos. Para isso, é preciso entender o momento em que estão e onde pretendem chegar dentro de 18 meses (tempo médio entre as rodadas de investimento).
Aqui está um plano de ação eficaz para planejar sua primeira rodada de captação de recursos:
- Entenda o estágio em que o seu negócio está e que atividades poderão ser viabilizadas com os recursos trazidos pelo futuro investidor;
- Descreva até qual estágio pretende levar seu negócio dentro dos próximos 18 meses (tempo médio entre as rodadas de investimento);
- Traga dados para o seu planejamento: Descreva como estão os indicadores-chave de desempenho (KPIs), como quantidade de vendas, custo de aquisição do cliente (CAC), ticket médio ou receita média por usuário (Average Revenue Per User-ARPU), quanto tempo os clientes permaneceram usando a solução, quantidade de clientes que deixaram de usar (Churn) e a taxa de consumo do caixa empresa (Burn Rate), por exemplo, considerando um período determinado.
Uma vez que a startup tenha um plano sólido e estruturado, é hora de avaliar as opções disponíveis no mercado para captar recursos. No entanto, é importante lembrar que investimentos-anjo ou smart money nem sempre são a melhor opção. Às vezes, pode ser mais vantajoso buscar um empréstimo bancário se a empresa conseguir taxas competitivas e tiver uma projeção de faturamento adequada. Isso elimina o risco de ter um futuro sócio indesejável e permite que a empresa mantenha sua independência.
Portanto, antes de buscar investimentos, a startup deve avaliar todas as opções disponíveis e escolher a que melhor se adequa às suas necessidades. É fundamental que a empresa entenda sua situação financeira e capte apenas os recursos necessários para alcançar seus objetivos de curto e médio prazo.
Conclusão
A busca por investimentos é um passo importante para o crescimento de uma startup, mas não deve ser feita de forma precipitada ou desnecessária. É crucial que os fundadores avaliem cuidadosamente a situação da empresa e seus próximos passos antes de ir ao mercado, e isso inclui a análise de KPIs e projeções de faturamento. Somente após essa avaliação é que se deve buscar investimentos, considerando todas as opções disponíveis e escolhendo aquela que mais se adequa às necessidades da empresa. Lembre-se de que um investimento mal planejado pode levar a problemas futuros, como a entrada de um sócio indesejado.
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Fontes
ABSTARTUPS. Mapeamento do ecossistema brasileiro de startups. Disponível em: https://abstartups.com.br/wp-content/uploads/2022/12/Mapeamento-de-Startups-Brasil-1.pdf, consulta em 24 de março de 2023.
ÉPOCA NEGÓCIOS. 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2016/07/74-das-startups-brasileiras-fecham-apos-cinco-anos-diz-estudo.html#:~:text=Estudo%20realizado%20pela%20aceleradora%20Startup,de%20aporte%20ou%20de%20investimento, consulta em 30.09.2020.
KEPLER, João. Smart Money: a arte de atrair investidores e dinheiro inteligente para seu negócio / João Kepler – São Paulo: Editora Gente, 2018. Pág. 15
FEIGELSON, Bruno. Direito das startups / Bruno Feigelson, Erik Fontenele Nybo e Victor Cabral Fonseca. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. Pág. 130.